A professora se vê diante de 4 ou
5 notas. Foram pesquisas, atividades e provas aplicadas aos alunos, corrigidas
pela professora e a partir de uma referência, medidas em forma de notas.
Aí
um empasse: não alcança a média aritmética de 5. A professora deixa a nota suspensa, até porque ficou preocupada com o
panorama geral do aluno, e diz que decidirá no dia do conselho de classe.
Agachado
no canto da mesa da professora, o aluno vem e conversa baixinho. Fala do casamento
recente da mãe e da depressão dela, de nome para filhos, dos castigos físicos
sofridos por ele e pela irmã, da ausência do pai que nunca conheceu, da
exigência da mãe para que vá bem na escola.
A professora sou eu. Ouço
tudo aquilo e me transporto para aquele mundo de caos e penso: e eu aqui
somando mais um problema para essa vida mergulhada na confusão: a nota. Seria
possível alcançar os objetivos da disciplina diante desta realidade? Esse jovem
conseguirá aprender conceitos e procedimentos, cada vez mais deslocados da sua
realidade? O modo como acolhemos ou não esse contexto certamente deixa marcas
na vida deste ser. Essas marcas compõem a história que nos faz sujeitos, mas eu
gostaria que fossem as melhores possíveis. A reprovação não me parece a
solução.
Como
manter a sensibilidade e a delicadeza na relação entre professor e aluno? Afinal,
somos da mesma matéria humana e não preciso reprimir para ser respeitada e ter
o meu trabalho reconhecido.
Oi Andreia, que bom que começou a partilhar conosco suas vivências, seus pensamentos... Quando contou, vim correndo ver. Te admiro muito! Beijo, Lili.
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